segunda-feira, 23 de junho de 2014

CAJUÍNA SUBVERSIVA

Recebi de um contato um e-mail estranho contendo um texto interessante agora pouco. Achei bem válido:

MANIFESTO CAJUÍNA SUBVERSIVA

O povo piauiense, quem somos (filhx da contradição):
Somos os filhxs do clima tropical semi-úmido e do semi-árido. Nascemos das veias do Parnaíba, Uruçuí Preto, Gurguéia e Poti. Somos à sombra da linha do Equador enraizada de cerrado, cocais, caatinga e manguezais.
Somos os filhxs da desigualdade social. Onde nossa população chega a 3.119.015 milhões de pessoas, nosso PIB é de 19 bilhões de reais e nossa renda mensal per capita em torno de meio salário mínimo. É o estado com maior índice de auxílio de programas sociais (em torno de 710.936 inscritos e 449.313 sendo beneficiários).
Somos os filhxs da baixa escolaridade com uma taxa de 22,9% de analfabetos e 15% de jovens que freqüentam o ensino superior.
Somos filhxs do racismo escancarado, com uma população em torno de 77% de pardos e negros, sendo que apenas 27% dos pardos e negros no Estado ocupam trabalhos com carteira assinada.
Somos xs filhxs do machismo a flor da pele, com altas taxas de violência contra a mulher, onde a cada 24 horas uma mulher é vítima de estupro. Onde as mulheres ainda ganham bem menos que os homens.
Somos xs filhxs que sofrem do mal da homofobia e transfobia onde o Estado está acima da média do nordeste de assassinatos de LGBTTs.

Da contradição à subversão:
A história de nossos genes é banhada de muita luta. Banhada do sangue do trabalho diário dos vaqueiros, das quebradoras de coco, dos pescadores, dos agricultores, da seca, da fome, do suor explorado dos criolos, dos Tremembés, dos Pimenteiras, Gamelas, Guaranis e Jenipapos, dos cafuzos e negros.
Subversão segundo o dicionário significa: revolta, insubordinação contra a autoridade, as instituições, as leis e os princípios estabelecidos. Em nossas veias corre um sangue concentrado de subversão. Dxs índixs que não aceitaram sua exploração, xs negrxs que rompiam com a escravidão, os vaqueiros e agricultorxs que a beira do Jenipapo lutaram por independência, xs jovens e sem teto que desafiaram o Estado na Vila Irmã Dulce, xs estudantes que lutaram no #ContraoaumentoTHE e na Batucada Feminista, a nossa subversão está nos genes, vem no sangue, vem da contradição social que nos assola brutalmente.

A Mesopotâmia
E Teresina?
A cidade mesopotâmica, contempladora do Velho Monge, de origem pesqueira, artesã e de agricultura familiar. Hoje, grande cidade, com 814.230 habitantes está numa situação cada dia mais caótica.
Mobilidade urbana inexistente é a prova da verdadeira bagunça e falta de respeito. Nossas ruas a cada segundo entupidas de IPI zero, péssimos transportes, valores absurdos de transporte coletivo.
A poluição toma conta da Mesopotâmia. A poluição dos rios que irrigam nosso solo, do ar que penetra nossos pulmões, dos solos que nascemos e do som que ouvimos chega a ser depressivo. O Parnaíba, o Poti, nossa fauna devastada, nossa Floresta Fóssil aniquilada e nossa flora deixada de lado.
Vazios demográficos urbanos, marginalização social, coronelismo urbano, destruição de espaços culturais, multiplicação de estacionamentos e negação da arte.
Em nossas Universidades, movimentos culturais e sociais não fervilham mais. Não há festivais, não há semanas, não há povo. Meros centros de educação vertical e autoritária. Chega à hora da cultura ferver, ebulir com mais de 40oC.

A Cajuína libertária contestadora
Deveras, a cultura chega ao seu máximo. Sua identidade e digital de um povo. No Piauí a diversidade é imensa, das heranças indígenas, negras e portuguesas. Cantigas de roda, o Boi, o canto do vaqueiro, o baião, o pífano, a rabeca, a embolada, o repente, as lendas, crenças e tantos. O chinelo de couro, a roupa simples, a miscigenação.
Mas não fiquemos presxs que cultura seja apenas isso. Teresina é uma cidade com fluxo de pessoas de várias cidades e estados, além de estar geograficamente próxima a várias outras culturas. Há um “mix” de diversos estilos, idéias, raivas, angustias, sonhos e artes.
Somos a contestação que cresce, a humanidade que não padece e a subversão que segue entre gerações.
Somos o punk, o metal, o regional, o reggae, o baião, a MPB, Witch House, o rock tradicional, o rap, o Tropicalismo, o Manguebeat, o funk, o samba, o eletrônico, o indie, o pós-punk, grunge, a psicodelia, o brega, o rastafári, o moicano, a barba, cada estilo, cada jeito de ser. Somos a liberdade. Somos a contestação. Somos a subversão!!
Ocupemos os muros, as universidades, as ruas, as praças. Ocupemos com a contestação e subversão que trazemos no sangue. Mostremos a voz que a mídia quer calar!
Que o belo e o “feio” se unam. Afinal, somos todxs belxs. Somos Todxs cultura. Somos arte!
Pixo, poesia, grafiti, aquarela, pintura em óleo, contos, prosas, música, teatro, dança, cinema... tudo é arte, tudo é cultura, tudo é contestação, tudo é subversão!

Pavel Gorki e Fernando Dias

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